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Fases do luto

Luísa Machado

São várias as fases do luto, todavia nem todas as pessoas as atravessam de forma igual, ou seja, cada um vive estas etapas segundo a sua própria natureza e dinâmica pessoal. 

NEGAÇÃO – Nesta primeira fase, normalmente, a reação imediata a uma notícia de morte ou perda significativa, é a negação ou a rejeição. A pessoa não aceita e recusa-se a acreditar na possibilidade de ter perdido algo ou alguém tão querido, negando assim a realidade. “Não é possível!” é o pensamento constante e recorrente que assola a pessoa. 

A negação decorre da necessidade de proteger-se de uma verdade inconveniente, no entanto, esta reação pode causar uma desestruturação psicológica. Este estágio do luto pode variar muito em sua duração, podendo demorar minutos, dias ou semanas para passar. Nesta fase é comum que a pessoa em luto procure se isolar e distanciar-se de tudo que a faça lembrar da perda que sofreu. 

RAIVA – Sentimentos como a raiva, a angústia, o desespero, o medo, a culpa e a frustração são uma constante na vida da pessoa em luto. Este turbilhão de sentimentos lhe invade a mente com frequência, levando-a, em algumas ocasiões, a agir com rispidez ou de forma desagradável com os outros. A agressão será a resposta, quando alguém tentar traze-la para a realidade, pois ainda se sente incapaz de aceitar a perda. 

É possível que a pessoa enlutada manifeste a sua raiva por meio de atitudes autodestrutivas, como beber exageradamente, discutir com desconhecidos ou destruir propriedade alheia. Esta pessoa encontra-se transtornada e tem uma compreensão limitada da gravidade das suas ações e dos seus comportamentos. 

NEGOCIAÇÃO – Nesta fase do luto, há uma tentativa de negociação. A pessoa em luto negocia consigo própria ou com uma entidade superior em que acredita na tentativa desesperada de aliviar a sua dor. Pensamentos como “e se eu tivesse feito isso” ou de “quem sabe se eu fizer tal coisa, eu consiga reverter a situação” invadem a mente da pessoa em luto. Mesmo que ela tenha consciência da impossibilidade desses feitos, ela os alimenta, numa tentativa desesperada de se confortar. 

DEPRESSÃO – A pessoa é invadida por um grande sofrimento, que pode prolongar-se por semanas ou meses. Ela apega-se à dor causada pela perda ou morte de um ente querido, e a usa como estímulo para permanecer em estado depressivo. 

Nesta etapa, o enlutado chora muito, repensa as suas decisões e experiências de vida, isola-se de familiares e amigos, tem crises de saudade e não consegue retomar a vida normal tal como era antes. Este estágio do luto requer muito apoio por parte das pessoas que lhe são mais próximas, para além de acompanhamento psicológico, que é necessário em certos casos. 

ACEITAÇÃO – Este é o último estágio do luto, pois é nesta ocasião que a pessoa em luto compreende a sua nova realidade, composta pela ausência de quem partiu. Os sentimentos e angústias já foram todos exteriorizados, originando uma sensação de paz interior. 

O fato de se aceitar a perda de alguém que amávamos muito, não significa, seguir a vida como se essa pessoa nunca tivesse existido. Não é esquecer os momentos bons partilhados com ela, nem enterrar lembranças agradáveis. A saudade ainda vai mexer com as emoções e o ente amado ainda pode aparecer nos pensamentos da pessoa em luto, anos após a partida do ente querido. Por vezes, a saudade existente é tamanha, que ainda é possível sentir o cheiro do ente querido. 

Aceitar significa conviver pacificamente com a perda. É o mesmo que recordar a pessoa que partiu com carinho, ser agradecido por ela ter feito parte da sua vida, compreender que é preciso continuar a viver mesmo sem a presença dela, entendendo que a vida não é infinita. 

 


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