As origens da civilização egípcia permanecem desconhecidas, mas um nome se destaca entre muitos: Narmer, o rei que fundou o Egito e o poder faraônico.
Sara Romero
Discutir a história do Egito Antigo é mergulhar em um legado de mais de três mil anos. No entanto, se voltarmos às origens da civilização faraônica, surge uma pergunta: quem foi o primeiro grande monarca a ostentar o título de “faraó”?
Antes de Ramsés II ou Tutancâmon, houve um rei que moldou uma das civilizações mais duradouras da história, unificando o Egito no início do Período Dinástico. Narmer unificou o Alto e o Baixo Egito por volta de 3100 a.C., marcando o início do Primeiro Período Dinástico, lançando a pedra fundamental do estado faraônico e de uma estrutura política que duraria milhares de anos.
O primeiro faraó do Egito
Durante grande parte do Período Pré-dinástico, o Egito foi dividido em duas regiões principais: o Alto Egito, ao sul, e o Baixo Egito, ao norte, que incluía o Delta do Nilo. Cada um desses territórios tinha seus próprios governantes, coroas e costumes. Os monarcas do Alto Egito usavam a coroa branca, e os do Baixo Egito, a coroa vermelha. Isso continuou até que um governante do Alto Egito, conhecido como Narmer, empreendeu uma conquista que levou à unificação dos dois territórios e ao estabelecimento dos faraós.
Isso é atestado por vestígios arqueológicos como a famosa Paleta de Narmer, uma peça de xisto esculpida descoberta em Hierakonpolis (o centro de culto a Hórus), que representa um testemunho essencial de seu reinado e de suas realizações. Esta obra, que mostra o soberano exercendo seu poder sobre seus oponentes (representados por figuras de cavalos encaracolados e barbudos, alguns sendo espancados e outros deitados no chão), e celebrando a unificação dos territórios, está entre os documentos políticos mais antigos já encontrados, além de constituir uma peça artística fundamental na história egípcia. É considerada uma certidão de nascimento do Estado egípcio.
Nasce a primeira dinastia e um legado
A tradição egípcia posterior, registrada por historiadores gregos como Heródoto e o sacerdote egípcio Mâneton, já no período helenístico, menciona que o primeiro governante unificador foi Menés, não Narmer. Seria a mesma pessoa? É possível que “Menés” seja um título honorífico que significa algo como “aquele que persevera” e se refere a Narmer. Outra hipótese é que Menés tenha sido um sucessor ou predecessor intimamente associado à unificação.
Até o momento, a arqueologia apoia de forma esmagadora a ideia de que Narmer foi o arquiteto da unificação do Egito e aquele que iniciou os homens e mulheres que exerceriam poder divino e absoluto sobre a sociedade egípcia antiga. Esse marco histórico deu início ao Período Dinástico Inicial do Egito, uma cultura que se estendeu por quase três milênios e nos deixou maravilhas inesquecíveis, como as pirâmides.
Muito mais que um marco militar
O feito de unificar o Alto e o Baixo Egito não foi apenas uma conquista militar, mas a fundação política e simbólica de toda a monarquia faraônica subsequente. O Egito deixou para trás sua fragmentação em cidades-estados para se tornar um reino unificado às margens do Nilo. Com Narmer, a Primeira Dinastia começaria. As consequências diretas dessa transformação incluiriam a fundação de cidades-chave, como Mênfis, na confluência geográfica do norte e do sul, a consolidação da figura divina do faraó como uma figura intermediária entre deuses e mortais, e o uso de uma iconografia muito específica que perduraria ao longo do tempo em templos e relevos. Assim, a monarquia egípcia, conforme se desenvolveu por mais de 30 séculos, começa formalmente com seu reinado.
FONTE: National Geographic
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