Abel G.M.
Vicenza é uma bela cidade italiana na região do Veneto, que além de seus monumentos, é famosa pelo mito de que seus habitantes, nos tempos medievais, eram comidos por gatos. Esse mito vem das rivalidades históricas e zombarias que caracterizaram a relação entre as cidades italianas, mas o que a originou?
Durante períodos de guerra, fome e crises econômicas na Idade Média e no Renascimento, não era incomum que as pessoas mais desfavorecidas recorressem a qualquer fonte de alimento, incluindo gatos, em muitas partes da Europa. Essas práticas foram registradas na memória popular como um recurso extremo de sobrevivência, especialmente durante a Peste Negra e as décadas seguintes.
E por que essa cidade em particular sofre desse estereótipo? Existem várias explicações possíveis, mas, de acordo com alguns linguistas, as mais plausíveis parecem ter origem no dialeto vicentino medieval. Em textos da época, há a expressão: “ga tu magnà”, que significa “você comeu”, mas que soa terrivelmente semelhante ao “gatu magna”, isto é, comer gato.
A partir daqui o estereótipo de comedores de gatos foi amplificado através da tradição oral e performances humorísticas no teatro popular italiano. As cidades vizinhas de Pádua, Verona e especialmente Veneza costumavam desprezar os habitantes de Vicenza, a quem consideravam os aldeões. O estereótipo tornou-se uma espécie de piada nos domínios venezianos e, com a unificação do país no século XIX, alcançou fama nacional.
Hoje, a piada dos vicentinos, “comegatos”, perdeu seu tom de desprezo e se tornou uma de tantas piadas que refletem a rivalidade histórica entre as cidades italianas, a ponto de os próprios vicentinos brincarem com ele.
FONTE: National Geographic
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