A adolescência e a juventude são etapas de paradoxos: ansiamos por liberdade, mas temos medo da incerteza. Queremos deixar uma marca, como conheço minha missão e vocação?
Guillermo Dellamary
Em um mundo que exige que tomemos decisões rápidas – o que estudar, que emprego procurar, quem ser, com quem casar – muitos jovens se sentem perdidos, como se estivessem navegando sem bússola, sem conhecer sua vocação e missão.
No entanto, essa busca não é um problema a ser resolvido, mas uma jornada íntima e valiosa para se conectar com quem você realmente é. Não se trata de encontrar respostas perfeitas, mas de aprender a ouvir nossa voz interior e projetar um plano de vida que nos permita crescer autenticamente.
Imagine que sua vida é uma história
A missão seria o tema central dessa história: aquilo que lhe dá um significado profundo, como justiça, criatividade ou conexão com os outros. Não está atrelado a um título profissional ou a um salário, mas a questões como: o que me impacta no mundo, o que quero contribuir para os outros?
A vocação, por outro lado, é o estilo com o qual você escreve essa história. A psicologia, com figuras como Carl Rogers e Abraham Maslow, nos lembra que a autorrealização nasce do autoconhecimento. Para fazer isso, precisamos fazer uma pausa no ruído externo e explorar quatro dimensões:
1 Seus valores inalienáveis
Pense em momentos em que você se sente realizado ou, ao contrário, desconfortável. Que questões estavam em jogo? Você pode descobrir que a liberdade é essencial para você ou que a colaboração o satisfaz mais do que a competição. Esses valores são faróis na névoa: se você escolher um caminho que os contradiga, sentirá que trai sua essência.
2 Suas forças invisíveis
Às vezes, subestimamos o que nos deixa bem e o que é fácil. Pergunte a si mesmo: o que faço sem esforço aparente, em que situações os outros me pedem ajuda? Talvez você seja bom em mediar conflitos, organizar ideias ou transmitir calma. Essas habilidades não são coincidência; são sementes da vossa vocação.
3 A linguagem de suas emoções
Ansiedade, tédio ou euforia são mensagens codificadas. Se uma decisão o mantém acordado à noite, ela pode não estar alinhada com você. Se algo lhe agrada apesar do medo, pode ser um sinal de crescimento. Aprender a distinguir entre o medo que paralisa e o medo que excita é fundamental.
É natural sentir medo ao escolher. Nossa mente, influenciada por mitos como a “escolha perfeita”, pode nos sabotar com pensamentos como: e se eu cometer um erro, e se eu decepcionar minha família?
Aqui, a psicologia cognitiva nos ajuda a questionar essas crenças. Por exemplo, existe realmente apenas um caminho válido? A vida não é um trem com uma única estação, mas uma paisagem que se transforma à medida que você caminha. Mesmo os “erros” são atalhos que ensinam o que precisamos aprender.
4 Medo da liberdade
Há também a pressão social, aquele murmúrio que nos diz como devemos ser. O filósofo Erich Fromm falou do “medo da liberdade”: preferimos imitar os caminhos de outras pessoas a assumir a responsabilidade de sermos nós mesmos.
Para quebrar esse ciclo, pergunte a si mesmo honestamente: estou escolhendo por convicção ou medo de rejeição? Não há resposta errada, apenas oportunidades para reajustar a bússola.
Um plano de vida não é um contrato irrevogável, mas um mapa dinâmico que é redesenhado à medida que você explora. Comece com uma visão ampla: como quero ser lembrado? Que marca emocional eu quero deixar? Em seguida, divida esse horizonte em pequenos passos concretos. Por exemplo, se sua missão é promover a saúde mental, sua vocação pode ser estudar psicologia, criar conteúdo em redes sociais ou serviço social em comunidades. Cada passo conta, mesmo que pareça simples.
Gere momentos de estudo para aprender: como cursos, conversas com especialistas, projetos temporários. Esses exercícios fornecerão informações valiosas sobre o que combina com você. Além disso, procure guias – não ídolos – pessoas que façam perguntas desconfortáveis e celebrem seu progresso sem impor suas ideias.
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