Adélia Prado
Não me importa a palavra, esta corriqueira.
Quero é o esplêndido caos de onde emerge
a sintaxe;
os sítios escuros onde nasce o ‘de’, o ‘aliás’,
o ‘o’, o ‘porém’ e o ‘que’, esta
incompreensível
muleta que me apoia.
Quem entender a linguagem entende Deus
cujo Filho é o Verbo. Morre quem entender.
A palavra é disfarce de uma coisa mais
grave, surda-muda,
foi inventada para ser calada.
Em momentos de graça,
infrequentíssimos,
se poderá apanhá-la: um peixe vivo com a mão.
Puro susto e terror.
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